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Uso massivo de máscaras caseiras por cidadãos pode reduzir a velocidade de contágio por COVID-19

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou, na noite de terça-feira, dia 31 de março, que está preparando novo protocolo para ampliar a indicação de uso de máscaras, além dos profissionais de saúde e pessoas com sintomas aparentes. O órgão, por meio do secretário-executivo João Gabbardo dos Reis, já havia solicitado anteriormente à população que usasse a criatividade para a produção de suas próprias máscaras caseiras, de pano mesmo, como forma de garantir que as fabricadas pela indústria e aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sejam encaminhadas aos profissionais de saúde, que estão na “linha de frente” do combate ao novo coronavírus e precisam prioritariamente de proteção. Mandetta busca uma “grande articulação” com a indústria têxtil para a confecção de peças mais básicas e incluiu as máscaras de TNT (tecido não tecido) entre os itens necessários para enfrentamento da epidemia.

Outros países já adotaram, como estratégia de governo, via Ministérios da Saúde, a diretriz do uso massivo de máscaras caseiras. É o caso da República Tcheca, que teve uma redução no crescimento do número de infectados pelo novo coronavírus, em comparação a outros países da Europa, após o governo local determinar o uso compulsório da peça por todos os cidadãos que precisassem sair de suas casas, segundo afirma o cientista Jeremy Howard, em matéria publicada no “Prague Morning”. Com a medida, em dez dias, toda a população do país passou a cobrir o rosto – com máscaras caseiras ou, até mesmo, com pedaços de pano adaptados – ao andar na rua. O jornal inglês The Guardian também destacou que a medida adotada pelo governo tcheco, liderada pelo primeiro-ministro Andrej Babis, foi fundamental no controle da velocidade de transmissão do vírus. A medida estimulou a produção de máscaras caseiras, feitas com partes de roupas – as vendidas na farmácia devem ser destinadas a profissionais de saúde.

A matéria do jornal britânico cita um vídeo oficial do país, com o ministro da Saúde tcheco, Adam Vojtěch, explicando didaticamente a importância do uso das máscaras, estimulando a confecção caseira das peças. O vídeo frisa que as medidas de higiene e isolamento social estão sendo cumpridas pela República Tcheca, assim como por outros países, mas que a redução no avanço da transmissão em relação a outros países europeus se deve ao uso obrigatório dessas máscaras na rua, mesmo para quem não está infectado ou para quem ainda não apresenta sintomas, por influenciar, parcialmente, a chance dessa pessoa se contaminar com o vírus.


Em meio a uma pandemia, com esforço para tornar mais lenta a disseminação de um vírus, qualquer redução neste sentido é importante. Para os que estão contaminados, o professor da Academia Tcheca de Ciências, Vladimir Zdimal, afirma que o uso das máscaras diminui em até 100% a chance de transmissão. Em 29 de março, 2.829 casos da covid-19 haviam sido registrados na República Tcheca, com um total de 16 mortes. Até essa data, na Espanha, o número de mortos ultrapassava os 6 mil. Na Itália, os óbitos passavam de 10 mil; na Holanda, de 600; e na Suíça, 200.

Ao final do vídeo, a narradora pede que a população poste fotos utilizando a máscara com a hashtag “maks4all”, prática que foi adotada em massa por artistas e outras personalidades. A campanha chegou até o ator e designer de moda ganês Elikem Kumordzi, que afirmou ter se inspirado no exemplo do país europeu e incentivou a população de Gana a se proteger com a máscara. O artista doou 500 máscaras para ganeses e utilizou as redes sociais para propagar a medida de prevenção ao novo coronavírus entre a população de seu país.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) determina que o uso de máscaras só é recomendado para profissionais de saúde ou para quem apresente algum sintoma. De acordo com artigo publicado pelo biólogo Sui Hanj, no site Medium, essa recomendação restrita é baseada em um fato: se tal medida fosse incentivada para toda a população, haveria o risco de não ter máscaras suficientes nas farmácias para os profissionais de saúde, que são os que mais precisam. O texto enfatiza que a máscara não é 100% eficaz contra a contaminação, mas cria um obstáculo ao vírus, sendo, portanto, eficaz na redução da curva de contágio. Dado que o trato respiratório superior é a principal porta de entrada do SARS-Cov-2 nos tecidos humanos, Hanj afirma que o uso de máscaras faciais simples, que exercem uma função de barreira às gotículas de saliva que pousam no nariz ou na garganta, pode restringir substancialmente o contágio, sendo uma medida, até certo ponto, comparável ao distanciamento social e lavagem das mãos, o que impactaria o efeito de “achatamento da curva”. Em matéria do New York Times, publicada no dia 31 de março, o diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), Robert Redfield, afirma que a entidade, que havia comunicado, no dia 21 de março, que as máscaras eram recomendadas apenas para quem apresentasse sintomas aparentes, reviu as medidas recomendadas, de acordo com novos estudos, os quais apontam que 25% da transmissão do vírus acontece através de indivíduos contaminados, antes mesmo destes apresentarem sintomas. #mask4all




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