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Síndrome do ovário policístico e endometriose são sinônimos de infertilidade?

Atualizado: 13 de jul. de 2022


(Foto: Pexels/Schvets)


Mulheres diagnosticadas com a síndrome do ovário policístico (SOP) ou com endometriose podem ficar preocupadas com a possibilidade de não conseguirem engravidar. Mas essas doenças, apesar de impactarem na fertilidade, não são impeditivos para a reprodução.


O ginecologista Sérgio Teixeira, membro da Sociedade Brasileira de Climatério (Sobrac), conversou com a Health Connections sobre o assunto e defende que a melhor solução é fazer um acompanhamento médico desde cedo para aumentar as chances de fertilidade. Ele ainda esclareceu as principais dúvidas a respeito dessas doenças e seu impacto na fertilidade de um casal.


Ginecologista Sérgio Teixeira, membro da Sociedade Brasileira de Climatério (Foto: Arquivo Pessoal)


Health Connections: O que é endometriose?

Dr. Sérgio Teixeira: O interior do útero, onde se desenvolve a gravidez, é recoberto por um tecido que se chama endométrio. Na doença chamada endometriose, encontramos a presença dele fora da cavidade uterina. Quando este endométrio penetra no músculo uterino, chamamos de adenomiose. Porém, focos de endometriose podem estar presentes em qualquer parte do corpo.


H. C.: Quais os sintomas?

S. T.: A presença de endométrio fora da cavidade uterina costuma apresentar uma reação inflamatória e até sangramento. Sendo assim, o sintoma mais comum é a dor e, como na maior parte dos casos a endometriose se localiza dentro do abdômen, frequentemente ela causa fortes cólicas menstruais ou mesmo dor abdominal crônica.


H.C.: Por que a endometriose pode levar à infertilidade?

S. T.: A inflamação causada pela endometriose gera um ambiente hostil aos espermatozoides, além de poder criar aderências que obstruem as trompas, impedindo que o óvulo entre e seja fecundado.


H.C.: Mesmo assim é possível engravidar tendo endometriose? S. T.: Sim, é possível.


H.C.: Agora falando sobre a síndrome do ovário policístico, o que é?

S. T.: A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma doença muito comum causada por um distúrbio nos hormônios femininos. Além das alterações menstruais, a persistência de altos níveis de alguns hormônios pode trazer consequências graves. Portanto, é fundamental o acompanhamento de um médico especialista.


H.C.: Quais os sintomas da SOP?

S. T.: Os sintomas mais comuns são escassez (ou ausência) de menstruação, acne, aumento de pelos e infertilidade. Porém, ela pode vir acompanhada com outras alterações como resistência insulínica, aumento da glicose, obesidade, entre outras.


H.C.: Quais as causas da SOP?

S. T.: As causas da SOP não estão bem estabelecidas, mas o que observamos é um desequilíbrio na regulação e controle da produção hormonal feminina.


H. C.: Como são feitos os diagnósticos destas doenças?

S. T.: Existem protocolos para diagnóstico desta doença. O mais utilizado é o consenso de Rotterdam, que define a necessidade de se ter, pelo menos, dois dos três critérios abaixo:

- Ausência de menstruação ou menstruar menos de 6 vezes no ano.

- Acne persistente ou aumento de pelos com distribuição masculina, como entre os seios, nas costas e na face.

- Imagens sugestivas de ovários policísticos na ultrassonografia. Não basta haver presença de “micropolicistos”. Eles são comuns, principalmente, nas adolescentes. Na SOP, observamos vários pequenos cistos localizados na periferia (como um colar de pérolas) e uma imagem mais marcante no centro dos ovários.


H. C.: Quais os melhores tratamentos?

S. T.: O principal tratamento na SOP é o hormonal, para restabelecer um equilíbrio entre os hormônios. Na dependência da manifestação da doença, podem ser associados tratamentos cosméticos para combater o hirsutismo (excesso de pelos) e a acne.


H. C.: E, por fim, existe forma de prevenção para as duas?

S. T.: Infelizmente não existe nenhuma medida de prevenção para a endometriose ou a síndrome dos ovários policísticos. O fundamental é procurar uma assistência especializada logo no início dos sintomas, para ter acompanhamento e tratamento mais adequados e, consequentemente, um melhor resultado.



Por Carolina Medeiros e Camille Dornelles

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