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Medicina do futuro deverá unir novas tecnologias, transdisciplinaridade e humanização no atendimento



“Nenhum avanço tecnológico vale a pena se não há a dignidade da pessoa humana e o princípio da solidariedade”. Esse foi um dos comentários do diretor e fundador do Instituto de Medicina e Cidadania, Luiz Roberto Londres, durante o painel “Diálogos sobre a Saúde: O Futuro da Medicina”, na FISWEEK.


O evento, que acontece de 8 a 12 de novembro, reúne lideranças da saúde e promove debates sobre inovação, gestão e ecossistema do setor. Durante mesa mediada por Luiz Antônio da Nóbrega, reitor, médico e professor-titular da UFF, renomados especialistas debateram sobre o futuro da Medicina e do profissional médico.


Inovações tecnológicas e transformação digital na saúde


A médica epidemiologista e vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, Denise Garret, falou sobre as tantas transformações e inovações tecnológicas que vieram com a pandemia, como a digitalização na área da saúde, e que se consolidarão na área médica. Citou o crescimento da impressão 3D, que ofereceu uma maior individualização à Medicina, como por exemplo, a produção de próteses personalizadas. Outra área que merece destaque, segundo Denise, é a nanotecnologia, que possibilita um melhor diagnóstico, tratamento e trabalha também com a prevenção de doenças.

A médica avalia que houve um salto tremendo na questão da análise de dados com a pandemia. Antes, eram fragmentados e, agora, assumem um papel estrutural, com uma maior precisão no diagnóstico e indicação de intervenção e tratamentos.

Em uma sugestão sobre o futuro próximo, a médica imaginou uma situação hipotética em que as pessoas, em suas casas, entrarão no banheiro, onde haverá um sensor infravermelho para analisar a temperatura da saliva, alertando se houver alguma alteração, indicando um diagnóstico, encaminhando para um médico, o qual fará a teleconsulta e enviará os medicamentos via drone.

Já o médico Duarte Nunes Vieira, presidente da Academia Nacional de Medicina de Portugal, imagina um cenário com chips de memória para pessoas, cirurgias robóticas menos invasivas, intervenções a distância e nano-robôs ajudando a identificar enfermidades e tratar pacientes. A inteligência artificial, que já é uma realidade, segundo o médico, se desenvolverá cada vez mais e absorverá informações médicas em grande escala.

O profissional acredita que a tendência é haver um maior foco na própria origem genética das doenças. “Há mais de mil ensaios em curso sobre novas terapias genéticas. Em breve, um único teste de sangue genético indicará riscos de todas as patologias possíveis a serem desenvolvidas por uma pessoa (diabetes, hipertensão, câncer)”, complementou.


Transdisciplinaridade e compromisso com o todo


De acordo com o profissional português, o futuro da medicina passará por um entendimento que vai além da relação médico-paciente e engloba um ecossistema que inclui farmacêuticos, cientistas, engenheiros, profissionais de TI etc. Nóbrega encerrou sua fala, defendendo que a Medicina do futuro deve reparar desvantagens e limitações físicas e tentar, a todo custo, caminhar em um sentido de equidade, no sentido de reduzir as disparidades sociais entre os continentes.


Humanização do atendimento e foco na prevenção


Londres focou na importância da relação médico-paciente para a formação de bons profissionais no futuro. Destacou que, além de todo o avanço tecnológico, deve ser mantida a conversa com o paciente e uma boa anamnese para um diagnóstico correto, pois acredita que as questões que envolvem as enfermidades vão além da doença física. “O futuro passa pela prevenção”, defendeu o médico.


Hospital e profissional do futuro


A pneumologista e pesquisadora da FIOCRUZ Margareth Dalcolmo, também palestrante do painel, afirma que, o Hospital do Futuro, diferente do que muitos pensam, não será de grande porte e muitos andares. Serão menores, mais complexos e mais especializados, atendendo às necessidades da população, de forma individualizada, com foco em vigilância genômica e gestão de cuidados de pacientes crônicos.

No encerramento, a médica fez uma reunião de pilares que, segundo ela, caracterizariam uma qualificada nova geração de médicos: “o que o médico do futuro tem que ter? Humanidade; competência técnica; capacidade de ser líder; conhecimento de política pública de saúde; capacidade de se comunicar e descontruir informações complexas – tudo é linguagem, compromisso com aprendizado contínuo; inserção na realidade de trabalho, inteligência emocional; competência de gestão de pessoas; conhecimento mínimo de tecnologia de informação. O médico do futuro deve saber humanizar a morte”, encerra.


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