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Durante muito tempo a SOP (síndrome do ovário policístico) foi vista como um impeditivo para a reprodução. Mulheres diagnosticadas com a doença temiam ficar inférteis. No entanto, estudos apontam que o tratamento e acompanhamento médico adequado dessas pacientes pode permitir que o sonho da maternidade de muitas delas se torne realidade.
A SOP, porém, exige alguns cuidados específicos no período tentante, pré-natal e perinatal. A obstetra Angela Andrade falou ao portal Health Connections sobre eles. Confira abaixo a entrevista.
Health Connections: Quais os primeiros cuidados que uma mulher com SOP (síndrome do ovário policístico) precisa ter quando decide engravidar?
Dra. Angela Andrade: Essa mulher precisa entender a causa de seus ciclos menstruais (hormonais) serem irregulares em uma consulta médica, investigar se está com dificuldade de ovulação, ser orientada quanto à necessidade de uma dieta orientada, controle do peso a partir de uma investigação laboratorial hormonal e demais exames levando em consideração que essas paciente tem uma maior predisposição a um metabolismo alterado da glicose, aumento do colesterol, elevação da pressão e alterações hormonais e com uma orientação para mudanças de comportamentos terá mais chance de conseguir uma gravidez espontânea.
H. C.: Durante a gravidez há alguma mudança no pré-natal (exames, frequência de consultas, via de parto...)?
A. A.: Levando em consideração que a mulher portadora da síndrome de ovário policístico (SOP) apresenta um risco maior de diabetes na gestação, aumento do risco cardiovascular, hipertensão e resistência à insulina elas deverão ter um acompanhamento mais atento muitas vezes com consultas mais frequentes e repetição de exames para melhor controle de tais riscos e ainda quanto a vitalidade fetal em casos onde foi diagnosticado tais doenças que influenciam diretamente no desenvolvimento do bebê e em sua vitalidade.
H. C.: Esses problemas podem provocar aborto?
A síndrome do ovário policísticos associada às suas complicações na gravidez podem sim aumentar em muito as chances de abortamento no primeiro trimestre de mal controlada e tratada. A endometriose, por sua vez, também pode aumentar as complicações na gestação desde abortos espontâneos quanto as chances de gravidez ectopica (fora do útero) pelas alterações anatômicas causadas pela doença.
H. C.: Pode falar mais sobre a endometriose?
A. A.: Em muitas mulheres a endometriose pode trazer dificuldade para engravidar por causar alterações em sua anatomia dos órgãos reprodutivos e por essa razão a paciente portadora de sintomas clínicos de suspeição para endometriose ou com diagnóstico confirmado devem ser rastreadas por exames de imagem (ultrassonografia/ ressonância magnética) e ainda exames laboratoriais antes de tentarem engravidar.
Muitas mulheres são portadoras da endometriose sem muitos sintomas clínicos e, por apresentarem dificuldade para engravidar, também deverão ser investigadas.
H. C.: Quando uma mulher sofre um aborto, quais os atendimentos que ela precisa receber e como é o tratamento dessa mulher?
A. A.: No abortamento espontâneo ou mesmo provocado as mulheres devem ter atendimento imediato para serem orientadas quanto a possibilidade da conduta ativa com necessidade de intervenção cirúrgica ou medicamentoso ou até a indicação da conduta conservadora ( quando o próprio corpo resolve de forma espontânea o processo).
H. C.: Como você acha que é o conhecimento das mulheres que sofrem de SOP e endometriose sobre os cuidados com a sua saúde reprodutiva?
A. A.: Acredito que a grande maioria das pacientes desconhece as complicações reprodutivas causadas por essas doenças e diante da falta de conhecimento ignoram os cuidados até que a hora reprodutiva chega e as sequelas já se instalaram.
Por Camille Dornelles
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