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Dia Mundial do Cérebro: entrevista com neurologista sobre AVC e linhas de cuidado do paciente


No sábado, dia 22 de julho, celebra-se em diversos países o Dia Mundial do Cérebro. De acordo com a OMS, existem mais de 600 doenças neurológicas adquiridas durante a vida, neurodegenerativas ou congênitas, que podem causar impactos negativos motores, cognitivos, entre outros domínios na população geral. Dentre elas, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) corresponde a maior causa de sequelas funcionais e de aposentadoria precoce, sendo a segunda maior causa de morte no Brasil e uma das maiores no mundo. O neurologista Daniel Paes Santos, membro da Academia Brasileira de Neurologia, conversou com o Portal Health Connections sobre o tema, enfatizando a importância de um tratamento equânime, integrado e multidisciplinar aos pacientes neurológicos.




AVC nos países em desenvolvimento


De acordo com o neurologista, é importante ressaltar que, cuidados com o AVC em países em desenvolvimento, como o Brasil, em geral são fragmentados, com acesso inadequado a serviços de tratamento na fase aguda e à reabilitação, com orçamentos reduzidos e outros fatores que contribuem para impacto negativos com sobrecarga de sequelas, morbidade e mortalidade em uma população economicamente ativa. Paes acredita que, em um país em desenvolvimento, o desafio de implementar um caminho de cuidado para o AVC baseado em valor depende do esforço de muitos atores, como os governos central e local, universidades, lideranças locais e a comunidade.

O médico defende que a prevenção adequada, o diagnóstico preciso, o tratamento correto e ágil e uma reabilitação de qualidade não apenas salvam vidas, como promovem proteção e reintegração social do paciente.


Joinvasc – Projeto do SUS de linhas de cuidado ao paciente com AVC


Financiado Pelo Sistema Único de Saúde, o programa tem demonstrado resultados consistentes na redução da mortalidade (59%) e na incidência (37%) do AVC na região. Além disso, demonstrou também uma melhora importante na proporção de pacientes com desfecho funcional favorável (86% de aumento).

O neurologista afirma que esses esforços demonstram que a redução da fragmentação de cuidados pode impor uma redução dramática da mortalidade, morbilidade e melhor acesso a saúde cerebral na comunidade.


Medidas preventivas


No plano individual, o médico comenta que, dentre as precauções que podem ser tomadas para prevenção de doenças, estão os hábitos de vida saudáveis no dia a dia, como o estímulo a atividade física regular, o consumo de dietas ricas ou baseadas em vegetais e a preservação da qualidade do sono, incluindo o rastreio de distúrbios respiratórios associados ao sono. Além disso, é importante evitar ou reduzir o tabagismo, o consumo de álcool, os alimentos processados e industrializados, as carnes vermelhas e a ingestão de açúcar em excesso.


A maioria dos países da América Latina e o Brasil, de acordo com o Dr. Daniel Paes, ainda estão envolvidos na criação de acesso básico a tratamentos para uma doença tão devastadora.


Nesses países, a fragmentação da prestação de cuidados, a falta de acesso a tratamento eficaz, os baixos orçamentos e reembolsos para terapias, e a baixa cobertura para reabilitação são fatores que contribuem para uma maior carga de mortalidade ou morbidade dessas populações.


No entanto, também há um caminho de esperança. O neurologista conta que esforços têm sido feitos para testar a capacidade do sistema público de saúde de incorporar novos avanços no tratamento, como a incorporação da trombólise intravenosa (alteplase), a extensão das oportunidades de janela de tempo para tratamentos de reperfusão e a inclusão de tratamentos mecânicos.


“Medidas de performance e qualidade são fundamentais para medir o avanço na equidade de acesso, qualidade dos serviços e desfechos funcionais”, complementa Paes.


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